Globalização x Intolerância



"Todos os homens nascem iguais e todos têm o mesmo direito"
Declaração dos Direitos Humanos

Conforme professor Eduardo de Freitas, a globalização é um fenômeno social que como o próprio termo sugere ocorre em escala global. Esse processo consiste em uma integração em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes países.

Este fenômeno apresenta suas vantagens e desvantagens:
Entre algumas vantagens estão: Economia integrada, avanços na tecnologia, telecomunicações, transportes, etc.
A facilitação da troca de informações entre nações e culturas  viabiliza o avanço e o compartilhamento de conhecimento.
E entre as diversas desvantagens estão: As desigualdades sociais fundamentados em regionalismo e xenofobia.
De acordo com Freitas, a globalização é a fase mais avançada do capitalismo. Com o declínio do socialismo, o sistema capitalista tornou-se predominante no mundo. Com isso, o sistema capitalista beneficia àqueles que são mais ricos que por sua vez se tornam cada vez mais ricos, e os que são miseráveis ainda mais miseráveis, sem as mesmas oportunidades daqueles que são privilegiados por receber uma melhor educação e através disso receber uma melhor colocação no mercado de trabalho.
É fato que a globalização promoveu uma série de avanços e melhorias técnicas em várias partes do mundo. No entanto, analisando por outro ponto de vista as desigualdades sociais persistem e muitas vezes ocorrem movimentos contrários à globalização fundamentados em regionalismo e xenofobia. Este é um caminho contrário ao da Evolução Humana.

Entende-se por xenofobia, qualquer aversão ou preconceito àquilo que é estrangeiro. Em algumas ocasiões a xenofobia poderá ser confundida com sentimento de patriotismo.
Para o filósofo Edgar Morin, é necessário que haja uma mudança de mentalidade. O homem precisa se enxergar como parte da natureza e compreender que como parte da mesma natureza, temos a mesma Condição Humana que não distingue entre raça, religião e nação.
A compreensão da Diversidade Humana é a chave contra a intolerância. É preciso que haja a aceitação do outro, que não é melhor ou pior porém, diferente.
Não pode-se permitir que a intolerância tome uma dimensão maior como no passado. O mesmo sentimento de superioridade de um grupo ideológico como o Nazismo pôs fim à vida de milhares de judeus. Lamentavelmente, atitudes nazistas como estas ainda estão presentes na sociedade, quando um homossexual é agredido, quando um nordestino é assediado com piadas infames, índios expulsos de suas terras para beneficiar os brancos etc... Infelizmente, esse “etc” quer dizer que há milhares de exemplos de comportamentos de segregação na sociedade.
De fato, a intolerância é um dos maiores desafios a ser superado pela humanidade.  Através de uma revolução da Educação pode ser possível realizar uma revolução da interpretação de mundo, do espírito de cidadania e mudança de comportamentos que trazem um retrocesso à Evolução Humana.
 
Fonte de pesquisa: http://www.brasilescola.com/geografia/globalizacao.htm
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

Eu Etiqueta




Carlos Drummond de Andrade


Em minha calça está grudado um nome 

Que não é meu de batismo ou de cartório 
Um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
Que jamais pus na boca, nessa vida, 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
Que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produtos 
Que nunca experimentei 
Mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido 
De alguma coisa não provada 
Por este provador de longa idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 
Minha gravata e cinto e escova e pente, 
Meu copo, minha xícara, 
Minha toalha de banho e sabonete, 
Meu isso, meu aquilo. 
Desde a cabeça ao bico dos sapatos, 
São mensagens, 
Letras falantes, 
Gritos visuais, 
Ordens de uso, abuso, reincidências. 
Costume, hábito, permência, 
Indispensabilidade, 
E fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
Escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É duro andar na moda, ainda que a moda 
Seja negar minha identidade, 
Trocá-la por mil, açambarcando 
Todas as marcas registradas, 
Todos os logotipos do mercado. 
Com que inocência demito-me de ser 
Eu que antes era e me sabia 
Tão diverso de outros, tão mim mesmo, 
Ser pensante sentinte e solitário 
Com outros seres diversos e conscientes 
De sua humana, invencível condição. 
Agora sou anúncio 
Ora vulgar ora bizarro. 
Em língua nacional ou em qualquer língua 
(Qualquer principalmente.) 
E nisto me comparo, tiro glória 
De minha anulação. 
Não sou - vê lá - anúncio contratado. 
Eu é que mimosamente pago 
Para anunciar, para vender 
Em bares festas praias pérgulas piscinas, 
E bem à vista exibo esta etiqueta 
Global no corpo que desiste 
De ser veste e sandália de uma essência 
Tão viva, independente, 
Que moda ou suborno algum a compromete. 
Onde terei jogado fora 
Meu gosto e capacidade de escolher, 
Minhas idiossincrasias tão pessoais, 
Tão minhas que no rosto se espelhavam 
E cada gesto, cada olhar 
Cada vinco da roupa 
Sou gravado de forma universal, 
Saio da estamparia, não de casa, 
Da vitrine me tiram, recolocam, 
Objeto pulsante mas objeto 
Que se oferece como signo dos outros 
Objetos estáticos, tarifados. 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso 
De ser não eu, mas artigo industrial, 
Peço que meu nome retifiquem. 
Já não me convém o título de homem. 
Meu nome novo é Coisa. 
Eu sou a Coisa, coisamente.
Imagem: Liniers

Contraste Social




  
Numa visita ao município de Quitaús situado no interior do Ceará, é possível observar o modo de vida simples das pessoas. Muitas vivem em sítios, desfrutando de uma paisagem belíssima. Não há carros nas estradas, de vez em quando se avista uma moto ou um cavalo.
O ar que se respira é puro, o céu é tão azul e não se vê nuvens cinzas de poluição.

A poucos metros dos sítios é o centro da cidade.É possível observar que a maioria das cidades interioranas possui as mesmas características. Como as cidades costumavam crescer em volta das igrejas. As Igrejas costumam ficar bem no centro das cidades. Em Quitaús não é diferente. A igreja com arquitetura barroca fica localizada bem no centro da cidade.Em frente a igreja fica a praça que é o ponto de encontro dos moradores.  No município há escolas, comércios e organizações de festas típicas da cidade.

Há 471 quilômetros de Quitaús, a capital do ceará Fortaleza divide o cenário exuberante das praias entre prédios e favelas. 

O crescimento desordenado da maioria dos centros urbanos do Brasil trouxe diversos problemas. Os principais foram a falta de moradia própria, falta de saneamento básico, precariedade da saúde pública, violência, trânsito, etc...

Observa-se a partir dessa análise o contraste que existe entre a zona rural ainda intacta e na zona urbana que cresceu de modo desorganizado levando embora a qualidade de vida das pessoas.


E os problemas urbanos nunca são resolvidos, em raríssimas vezes apenas amenizados para existam pretextos de promessas em campanhas eleitorais. As promessas sempre são as mesmas, porém não há nenhum político preocupado com a erradicação dos problemas. Se houvesse, não haveria mais motivos para promessas nas próximas campanhas.


O Barbazul

Rubens Alves


Vivia num país, não me recordo se próximo ou distante, um homem que todos conheciam pelo apelido Barbazul. Era um homem de rara beleza. Do seu rosto o que mais impressionava eram os olhos, de um azul profundo, dos quais saía uma luz azul que envolvia sua barba numa aura azulada, razão do seu apelido.


Barbazul era um homem rico. Vivia num castelo. Numa das extremidades do seu castelo havia uma torre de sete patamares, trancados a sete chaves. Era uma torre misteriosa, interditada ao público, e sobre o que havia nela circulavam as estórias mais escabrosas.



Barbazul era um homem solitário. Nunca se casara. Tão bonito, tão rico: por que nunca se casara? – era a pergunta que todos faziam.



Muitas eram as mulheres, lindas mulheres, que por ele se apaixonavam. E Barbazul não se esquivava. Aceitava as sugestões contidas nos sorrisos... A princípio era um simples namorico, os dois passeando pelos bosques... Mas sempre chegava o momento quando a jovem lhe dizia:



“Gostaria de me casar com você...“



“Casamento é coisa muito séria“, dizia Barbazul. “Só devem se casar pessoas que se conhecem profundamente. E só existe uma forma de as pessoas se conhecerem: é preciso que vivam juntas. Você viveria comigo, no meu castelo, mesmo sem nos casarmos? Eu no meu quarto, você no seu... Até nos conhecermos?”



E assim acontecia. A jovem ia viver com Barbazul no seu castelo, cada um no seu quarto. Comiam juntos, passeavam, conversavam... Barbazul era um homem extremamente fino e delicado. Mas sempre acontecia a mesma coisa: depois de um mês assim vivendo Barbazul se dirigia à jovem e lhe dizia: “Vou fazer uma viagem de sete dias. Nesses dias você tem permissão para visitar a ‘Torre dos Sete Patamares‘. Aqui estão as sete chaves... Durante a sua visita você deverá segurar a chave do patamar que você estará visitando na sua mão esquerda, fechada com bastante força. Isso é muito importante. Porque as chaves têm propriedades mágicas...“



Com essas palavras ele partia e a jovem ficava só, com as sete chaves na mão, e a Torre dos Sete Patamares a ser visitada...



Transcorridos sete dias Barbazul regressava e após o abraço do reencontro perguntava:
“Visitou a Torre dos Sete Patamares?“
“Sim. Visitei todos os patamares...“, a jovem respondia alegremente.
“Você gostou?“
“Eu os achei maravilhosos!“
Barbazul insistia:
“Todos eles?“
“Sim, todos eles...“
“Então“, concluía com um sorriso, “é hora de você me devolver as sete chaves, aquelas que você apertou na mão esquerda, o lado do coração. Como eu lhe disse, elas são mágicas... Elas vão me contar o que você sentiu...“



Assentava-se então numa poltrona, fechava os olhos, e segurava as chaves na sua mão esquerda, uma de cada vez. A magia das chaves estava nisso: elas o faziam sentir, ao segurá-las, o mesmo que a jovem havia sentido, na sua visita aos sete patamares da torre.



Só de olhar para o seu rosto era possível perceber os sentimentos guardados na chave que segurava. Eram sentimentos os mais variados, todos os que existem no leque que vai da alegria até a tristeza. As jovens sempre se emocionavam ao visitar os patamares da torre... Com uma exceção. Ao segurar a sétima chave o sorriso de Barbazul desaparecia e, no seu lugar, aparecia enfado e tédio. Era isso que a jovem havia sentido no sétimo patamar: enfado e tédio.



“Não“, dizia ele à jovem. “Não poderemos nos casar. Comigo você será para sempre infeliz. O que há de mais fundo em mim, para você é tédio e enfado.“



E sem outras explicações levava a jovem à casa de seus pais, não sem antes enchê-la com os presentes que trouxera da viagem.



E era sempre assim.
Foi então que aconteceu...
Era o entardecer, o sol se pondo no horizonte. O mar estava maravilhosamente azul. Barbazul caminhava na praia, como sempre fazia, pés descalços... Viu, ao longe, uma jovem que caminhava sozinha, molhando os seus pés na espuma do mar. Era uma cena linda, digna de uma tela de Monet: uma jovem sozinha, vestes brancas na areia branca, contra o azul do céu e o azul do mar... Ela caminhava na sua direção, distraída. Mas parecia não vê-lo, tão absorta se encontrava. Ela se assustou quando o viu...
“Eu a assustei?“, ele perguntou.
“Eu estava distraída“, ela disse, se desculpando.
“Qual é o seu nome?“
“O meu nome? Stella Maris...“
“Chamam-me de Barbazul, por causa da cor da minha barba...“
Eles riram.
Ela não era bonita. Mas a cena era bonita, bonitos eram seus olhos, bonita era a sua voz...



Barbazul ouviu músicas no seu coração. E foi assim que caminharam juntos de pés descalços ao sol poente, caminhadas que vieram a se repetir a cada novo dia.



Até que, numa dessas caminhadas, Barbazul falou o que nunca falara.
“Você não quer morar comigo no meu castelo?“
“Você está pedindo que eu me case com você?“, ela perguntou.
“Não. Estou pedindo que você venha morar comigo. Depois de morar comigo, quem sabe, descobriremos que as nossas solidões poderão caminhar juntas pela vida...“



E assim, ela foi morar no castelo do Barbazul. E aconteceu exatamente como acontecia com todas as outras: passado um tempo Barbazul anunciou uma viagem de sete dias e lhe deu as sete chaves com a mesma recomendação. E partiu...



No primeiro dia Stella Maris tomou a primeira chave, abriu a porta do primeiro patamar e segurou firmemente a chave na sua mão. Era um enorme salão de festas cheio de gente. A orquestra tocava valsas alegres e as pessoas dançavam e riam. Parecia que todos estavam leves e felizes. Stella Maris dançou também e se sentiu leve e feliz.



No segundo dia Stella Maris tomou a segunda chave, abriu a porta do segundo patamar e segurou firmemente a chave na sua mão. Era um salão de banquetes onde se serviam as mais deliciosas comidas e se bebiam os vinhos mais caros. Muitos eram os comensais, mas não tantos quantos havia no salão de festas. Stella Maris juntou-se a eles, assentou-se, comeu, bebeu e se alegrou.



No terceiro dia Stella Maris tomou a terceira chave, abriu a porta do terceiro patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era um parque cheio de crianças que brincavam dos mais variados brinquedos: balanços, gangorras, pipas, piões, cabo-de-guerra, pau de sebo, perna de pau, pula-corda, amarelinha, bolinhas de gude, bonecas, casinha, cabra-cega, escorregador, sela... Todas riam. Todas estavam felizes. Stella Maris se sentiu como criança e se juntou com elas, a brincar.



No quarto dia Stella Maris tomou a quarta chave, abriu a porta do quarto patamar e segurou a chave firmemente em sua mão. Era uma biblioteca com prateleiras cheias de livros. Havia livros de todos os tipos: livros de ciência, de história, de literatura, de poesia, de filosofia, de humor, de mistério, de crime, de ficção científica, de arte, de culinária, de sexo, de religião... Os rostos daqueles que, assentados às mesas, liam livros em silêncio, revelavam emoções que os livros continham: concentração, excitação, curiosidade, alegria, tristeza, riso... Stella Maris escolheu um livro de arte, pinturas de Monet. Vendo as ninféias de Monet ela se sentiu leve e diáfana e desejou ver uma ninféia num lago...



No quinto dia Stella Maris tomou a quinta chave, abriu a porta do quinto patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era uma catedral gótica. A luz do sol se filtrava através dos vitrais coloridos e no silêncio do espaço vazio se ouvia o Requiem, de Fauré. E não eram muitas as pessoas que lá estavam. Havia rostos de súplica, rostos de sofrimento, rostos de paz. Stella Maris foi envolvida pelo silêncio, pelas cores dos vitrais, pela música... E a sua alma orou, chorou, agradeceu e sentiu paz.



No sexto dia Stella Maris tomou a sexta chave, abriu a porta do sexto patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era um jardim japonês. Ouvia-se o barulho da água que caía na fonte onde nadavam carpas coloridas em meio às ninféias. As cerejeiras estavam floridas. Um velho hai-kai repentinamente floresceu: “Cerejeiras ao anoitecer – Hoje também já é outrora...“ (Issa). Poucas, muito poucas eram as pessoas que andavam pelo jardim. Stella Maris se assentou sob uma cerejeira florida e o seu pensamento parou. Não era necessário pensar. A beleza era tanta que ocupava todo o lugar onde moram os pensamentos. Experimentou o paraíso...



No sétimo dia Stella Maris tomou a sétima chave, abriu a porta do sétimo patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era uma ampla sala vazia, na penumbra. Ninguém, somente ela. O silêncio era absoluto. A solidão era absoluta. Dois móveis apenas, duas cadeiras. A que se encontrava no centro da sala era iluminada pela luz das velas de um candelabro que pendia do teto. Stella Maris assentou-se na cadeira que estava num canto, nas sombras.



Foi então que um homem entrou por uma porta nos fundos. Vinha abraçado com um violoncelo. Sem dizer uma única palavra ele se assentou, arrumou o violoncelo entre as pernas, tomou o arco, concentrou-se e pôs-se a tocar. A melodia, em meio ao silêncio absoluto, sem nenhum ruído ou fala que a profanasse, era de tal pureza e pungência que lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Stella Maris.



Sentiu que o seu corpo estava possuído pela beleza. Era como se ele, o seu corpo, fosse o instrumento de onde saía a música. Sim, ela já a ouvira: a Suíte n. 1, em sol maior para violoncelo, de Bach. Terminada a execução, o artista se levantou e se retirou sem nada dizer. Stella Maris permaneceu assentada, em silêncio; não queria que aquele momento terminasse. Queria que ele se prolongasse, para sempre...



* * *



“Então“, disse Barbazul sorridente, “visitou a Torre dos Sete Patamares?“
“Visitei“, respondeu Stella Maris, entregando-lhe as chaves. Barbazul pediu para ficar sozinho e reclinando com os olhos fechados foi apertando as chaves, sucessivamente, com a mão esquerda, a mão do coração. No seu rosto se estampavam as emoções que Stella Maris havia tido em cada um dos patamares: leveza, alegria, riso, beleza, tristeza – até chegar ao último patamar, aquele que, ao segurar a sua chave, sentira o tédio e o enfado que as outras mulheres haviam sentido. O que é que Stella Maris teria sentido?



E, de repente, sentiu lágrimas rolando pelo seu rosto, as mesmas lágrimas que haviam rolado pelo rosto de Stella Maris. Era como se o seu corpo estivesse possuído pela beleza e fosse o instrumento do qual a música saía...



Barbazul sorriu. Permaneceu assentado, em silêncio; não queria que aquele momento terminasse. Queria que ele se prolongasse, para sempre...



* * *



“Stella Maris, você quer se casar comigo“, ele perguntou.



“Casar? Mas eu pensei que...“



“Sim, casar. Você compreendeu o que é a Torre dos Sete Patamares? É a minha alma. Cada patamar é um pedaço de mim. Lá se encontram os prazeres e alegrias humanos. Homens, mulheres e crianças se reúnem para compartilhar esses prazeres e alegrias. Mas, ao final da torre, há um lugar de solidão absoluta onde só entra uma pessoa de cada vez, eu permitindo. Aquele lugar é o fundo do meu coração. Quem não amar aquele lugar jamais me amará. Poderá até ser um companheiro de danças, de jantares, de discussões literárias, de brinquedos... Muitos podem ser bons companheiros. Mas, para me amar, é preciso amar a minha solidão. E aquela música é a forma sonora da minha solidão. Você a achou bela. Você permitiu que ela possuísse o seu corpo. E, por isso, eu a amo... Nossas solidões são amigas... Você quer se casar comigo?“



- Estórias são parábolas. Não podem ser tomadas literalmente. Eu usei uma figura masculina como figura central – o Barbazul – porque estou reescrevendo e transformando a velhíssima estória do Barba Azul, cheia de violências e assassinatos. Mas seria possível escrever uma estória com a mesma trama tendo uma mulher como a figura central.



- “O primeiro homem é o primeiro visionário de espíritos. A ele tudo aparece como espírito. O que são as crianças, senão primeiros homens? O fresco olhar da criança é mais transcendente que o pressentimento do mais resolutos dos visionários.“ (Novalis, Pólen, 163).



- “Eu acreditava em sacis. Até que um dia um deles mentiu para mim...“



“Todo mineiro é caboclo. Caso contrário é louco.“
“Sou mineiro, tenho brio. Não confirmo nem desminto. Desconfio“. (Gildes Bezerra)



(Correio Popular, 19 e 26/05/2002)

Memories


Próxima de completar 2.8 anos de vida, me deparo com flashes de 25 anos atrás. Cenas embaçadas da minha mãe escondendo a chupeta, brincadeiras com meus tios que moravam na mesma casa, lembranças de pessoas que já não estão entre nós.
O primeiro dia de aula, o sapato de lacinho com bolinhas, a primeira letra desenhada pela professora Regina no quadro negro, os primeiros coleguinhas de classe, as brincadeiras do recreio.
Ao conversar com meus pais, fui confirmando se as lembranças que eu tenho são mesmas verdadeiras ou de repente são apenas sonhos. Fiquei surpresa ao ver que uma memória pode durar tanto tempo e ao mesmo tempo receosa de perder algumas lembranças que são tão importantes. Daí surgiu a ideia de escrever um livro "Minhas Memórias", um título nada original, e desinteressante. Quem além dos meus pais se interessariam em compartilhar memórias de uma anônima. A propósito, gostei mais desse título "memórias de uma anônima". 
Fiquei curiosa a saber um pouco mais sobre o processo da nossa memória. Estou pesquisando à respeito e vou escrever alguns textos que servirão de ensaio para minha monografia já que o tema é "Dificuldades da Aprendizagem" e um dos fatores que faz parte do processo cognitivo é a memória.
Na medida do possível, vou postando minhas pesquisas sobre o assunto.
Até o próximo post...
See you!

Atitude



Sinto dizer que sem esforço nada vai acontecer!
Não adianta reza forte, nem macumba com 20 velas.
Se você não se decidir pelo primeiro passo,
se você não sair desse quarto,
nem os anjos e nem Jesus poderão te ajudar,
se você não se ajudar!


Quer emagrecer?
Caminhe todos os dias,
pare de dizer que  não tem dinheiro para a academia.
A rua é livre, de graça e está te esperando, seja noite, seja dia.



Quer um novo emprego?
Estude algo novo, aprenda um pouco mais do seu ofício, faça a diferença
e as empresas vão correr atrás de você!



Quer um novo amor?
Saia para lugares diferentes assista a um bom filme,
leia um bom livro, abra a cabeça, mude os pensamentos,
e o amor vai te encontrar no metrô, no ônibus, na calçada,
e em qualquer lugar, pois você será de se admirar.
Pessoa que encanta só de olhar...



Quer esquecer alguém que te magoou?
Enterre as lembranças e o infeliz!
Valorize-se criatura!
Se você se valoriza, sabe quanto vale,
sabendo quanto vale não se troca por qualquer coisa.
Se alguém te deixou é porque não sabe o seu valor.
Logo, enterre a criatura no lago dos esquecidos.
E rumo ao novo que o novo é sempre mais gostoso...



Quer deixar de dever?
Pare de comprar.
Não faça dívida para pagar dívidas!
Nunca! Jamais!
Faça poupança e peça para o povo esperar.
“Devo, não nego, pago quando puder.”
Assim, a cabeça fica livre e você vai trabalhar.
Em breve, não terá mais nada para pagar...




Quer esquecer uma mágoa?
Limpe o seu coração, esvazie-se...
Quem tem equilíbrio não guarda mágoas.
Só as pessoas com problemas emocionais é que se ressentem.
Ficam guardando uma dor, alimentando como se fosse de estimação.
Busque o equilíbrio emocional. Doe-se, ame mais e tudo passa.



Quer viver bem?
Ame-se!


Felicidade é gratuita, não custa nada.
É fazer tudo com alegria, nos mínimos detalhes.
Pergunte-se e se achar resposta que te satisfaça,  comece tudo de novo:
- Pra que 2 celulares (1 pra cada orelha?)?
- Pra que 3 computadores, se não tem uma empresa?
- 4 carros?
- 6 quartos se é você e mais 1 ou 2?
- 40 pares de sapato, se tem apenas 2 pés ?
A vida pede muito pouco e nós precisamos de menos ainda.



Acorde enquanto é tempo e comece a mudança,
antes que o tempo venha e apite o final do seu jogo!
Espero que você pelo menos tenha vencido a partida.

Vidas Certinhas


Um dia, não me lembro bem quando,

resolvi que iria levar uma vida certinha,
para que a felicidade, por fim,
viesse ter na minha casa.







Resolvi que não iria mais contar meias verdades,
nem aceitar meias mentiras, e falar a verdade,
doesse a quem doesse, assim,
lavaria minhas mãos de qualquer engano,
estaria livre das maldades das pessoas.
Mas, descobri no dia a dia,

que quanto mais objetivo eu tentava ser,
mais distante ficava das pessoas,
magoei muita gente, perdi amigos.



Descobri que a verdade pura e simples,
pode ferir mais que uma faca afiada,
pode doer mais que uma bofetada.


Descobri que o ser humano precisa de um pouco de ilusão,

encobrir certas verdades com uma camada de sonho,
acreditar no que acredita para seguir adiante,
e, principalmente, aprendi que,
não existem regras para todas às questões
mas questões e dúvidas para todas às regras.
Ser sincero, não significa ferir,
e omitir, nem sempre significa mentir.


Paulo Roberto Gaefke

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