Globalização x Intolerância



"Todos os homens nascem iguais e todos têm o mesmo direito"
Declaração dos Direitos Humanos

Conforme professor Eduardo de Freitas, a globalização é um fenômeno social que como o próprio termo sugere ocorre em escala global. Esse processo consiste em uma integração em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes países.

Este fenômeno apresenta suas vantagens e desvantagens:
Entre algumas vantagens estão: Economia integrada, avanços na tecnologia, telecomunicações, transportes, etc.
A facilitação da troca de informações entre nações e culturas  viabiliza o avanço e o compartilhamento de conhecimento.
E entre as diversas desvantagens estão: As desigualdades sociais fundamentados em regionalismo e xenofobia.
De acordo com Freitas, a globalização é a fase mais avançada do capitalismo. Com o declínio do socialismo, o sistema capitalista tornou-se predominante no mundo. Com isso, o sistema capitalista beneficia àqueles que são mais ricos que por sua vez se tornam cada vez mais ricos, e os que são miseráveis ainda mais miseráveis, sem as mesmas oportunidades daqueles que são privilegiados por receber uma melhor educação e através disso receber uma melhor colocação no mercado de trabalho.
É fato que a globalização promoveu uma série de avanços e melhorias técnicas em várias partes do mundo. No entanto, analisando por outro ponto de vista as desigualdades sociais persistem e muitas vezes ocorrem movimentos contrários à globalização fundamentados em regionalismo e xenofobia. Este é um caminho contrário ao da Evolução Humana.

Entende-se por xenofobia, qualquer aversão ou preconceito àquilo que é estrangeiro. Em algumas ocasiões a xenofobia poderá ser confundida com sentimento de patriotismo.
Para o filósofo Edgar Morin, é necessário que haja uma mudança de mentalidade. O homem precisa se enxergar como parte da natureza e compreender que como parte da mesma natureza, temos a mesma Condição Humana que não distingue entre raça, religião e nação.
A compreensão da Diversidade Humana é a chave contra a intolerância. É preciso que haja a aceitação do outro, que não é melhor ou pior porém, diferente.
Não pode-se permitir que a intolerância tome uma dimensão maior como no passado. O mesmo sentimento de superioridade de um grupo ideológico como o Nazismo pôs fim à vida de milhares de judeus. Lamentavelmente, atitudes nazistas como estas ainda estão presentes na sociedade, quando um homossexual é agredido, quando um nordestino é assediado com piadas infames, índios expulsos de suas terras para beneficiar os brancos etc... Infelizmente, esse “etc” quer dizer que há milhares de exemplos de comportamentos de segregação na sociedade.
De fato, a intolerância é um dos maiores desafios a ser superado pela humanidade.  Através de uma revolução da Educação pode ser possível realizar uma revolução da interpretação de mundo, do espírito de cidadania e mudança de comportamentos que trazem um retrocesso à Evolução Humana.
 
Fonte de pesquisa: http://www.brasilescola.com/geografia/globalizacao.htm
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

Eu Etiqueta




Carlos Drummond de Andrade


Em minha calça está grudado um nome 

Que não é meu de batismo ou de cartório 
Um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
Que jamais pus na boca, nessa vida, 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
Que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produtos 
Que nunca experimentei 
Mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido 
De alguma coisa não provada 
Por este provador de longa idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 
Minha gravata e cinto e escova e pente, 
Meu copo, minha xícara, 
Minha toalha de banho e sabonete, 
Meu isso, meu aquilo. 
Desde a cabeça ao bico dos sapatos, 
São mensagens, 
Letras falantes, 
Gritos visuais, 
Ordens de uso, abuso, reincidências. 
Costume, hábito, permência, 
Indispensabilidade, 
E fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
Escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É duro andar na moda, ainda que a moda 
Seja negar minha identidade, 
Trocá-la por mil, açambarcando 
Todas as marcas registradas, 
Todos os logotipos do mercado. 
Com que inocência demito-me de ser 
Eu que antes era e me sabia 
Tão diverso de outros, tão mim mesmo, 
Ser pensante sentinte e solitário 
Com outros seres diversos e conscientes 
De sua humana, invencível condição. 
Agora sou anúncio 
Ora vulgar ora bizarro. 
Em língua nacional ou em qualquer língua 
(Qualquer principalmente.) 
E nisto me comparo, tiro glória 
De minha anulação. 
Não sou - vê lá - anúncio contratado. 
Eu é que mimosamente pago 
Para anunciar, para vender 
Em bares festas praias pérgulas piscinas, 
E bem à vista exibo esta etiqueta 
Global no corpo que desiste 
De ser veste e sandália de uma essência 
Tão viva, independente, 
Que moda ou suborno algum a compromete. 
Onde terei jogado fora 
Meu gosto e capacidade de escolher, 
Minhas idiossincrasias tão pessoais, 
Tão minhas que no rosto se espelhavam 
E cada gesto, cada olhar 
Cada vinco da roupa 
Sou gravado de forma universal, 
Saio da estamparia, não de casa, 
Da vitrine me tiram, recolocam, 
Objeto pulsante mas objeto 
Que se oferece como signo dos outros 
Objetos estáticos, tarifados. 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso 
De ser não eu, mas artigo industrial, 
Peço que meu nome retifiquem. 
Já não me convém o título de homem. 
Meu nome novo é Coisa. 
Eu sou a Coisa, coisamente.
Imagem: Liniers

Blogs Recomendados