Desperdício

Sil Oliveira

Me entristece ver pessoas com grande potencial em transformar a sociedade através do seu ofício escolherem profissões não coerentes com suas capacidades de reflexão sobre o mundo.
Vejo vários ex-futuros sociológos, filósofos, acabarem optando por profissões que visam apenas o lucro.
E o que acontece com seu dom ou sua missão no mundo? Tranforma-se em frustração.
Chegará o momento em que não encontrará sentido para o seu trabalho e se questionará o porquê não seguiu sua verdadeira vocação.
Alguém já parou para pensar porque um engenheiro ganha muito mais do que um professor da educação infantil sendo que foi este o responsável por ensinar o engenheiro a ler, fazer cálculos, pois ninguém nasce pronto,
há necessidade de um mediador para que o aprendizado seja possível.
Na Europa, é exigido doutorado para lecionar na Educação Infantil, enquanto que no Brasil, ainda há os que se dizem educadores sem se quer o antigo magistério. Sim, a lei mudou e agora exige ensino superior para os professores, porém ainda há muitos que resistem e ainda não descobriram a importância de buscar o conhecimento científico através do Ensino Superior. Na minha experiência no estágio em Educação Infantil, observei que muitas professoras optaram por cursos à distância visando economia de tempo e esforço.
Parece que se impregnou à cultura popular os dizeres "professor ganha muito mal", "lecionar é uma profissão sofrida", "não há reconhecimento em ser professor".
O sálario baixo do professor é uma estratégia para que este tenha pouco recurso para se desenvolver e a sociedade continue com essa distância entre os que tem poder e os que tentam sobreviver.
Não podemos aceitar que nossos melhores pensadores, filósofos e educadores continuem migrando para outras profissões que fogem dos seus ideais e trocam seu capital intelectual por um salário que é uma parte insignificante do lucro que ele colaborou para o sistema do Capitalismo.



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